A Vida, o Universo e Tudo o Mais

domingo, janeiro 30, 2005

Stand by me

E aí, molecada, como foi o domingo de vocês? O meu foi legal, se eu descontar o trabalho o dia todo (ainda continuo aqui), o mesmo CD repetido à exaustão (pois só trouxe ele) e uma gripe que está começando a querer me pegar.

Embora essa embromação aí em cima seja muito boa para começar textos, não é disso que eu quero falar, mas da música cujo nome emprestei para intitular este post, e que foi gravada pelo John Lennon. (Se eu tiver que devolver tudo que peguei emprestado nesse blog, tô ferrado, não sobra nada). Para quem não conhece, ou não lembra, olha a letra aí embaixo:

When the night has come
And the land is dark
And the moon
is the only light we see

No I won´t be afraid
No I won´t be afraid
Just as long as
you stand, stand by me
And darling, darling stand by me
Oh, now,
now, stand by me
Stand by me, stand by me

If the sky
that we look upon
Should tumble and fall
And the mountain should crumble
to the sea

I won´t cry, I won´t cry
No I won´t shed a tear
Just as
long as you stand, stand by me
And darling, darling stand by me
Oh, stand by me
Stand by me, stand by me, stand by me

Whenever you´re in trouble won´t you stand by me
Oh, now, now, stand by me
Oh, stand by me, stand by me, stand by me

Darling,
darling stand by me
Stand by me
Oh stand by me, stand by me, stand by me

Eu traduzo "Stand by me" da mesma forma que o título do filme homônimo, baseado em Stephen King: Conta Comigo. O grande lance de eu ter me lembrado dessa música foram alguns e-mails que uma nova amiga me mandou hoje de madrugada, precisando ser ouvida, me contando que as pessoas acham que ela tem tudo para ser uma boa psicóloga, que sabe ouvir as pessoas. Acabei contando para ela (embora eu ache que ela ainda não leu) que sempre fui conhecido como Orelhão. Tinha gente na fila para falar comigo, contar os problemas... E só, algumas sequer queriam ouvir minhas opiniões.

Por muito tempo, vivi encanado com isso, até por que quando eu queria falar dos meus problemas com alguém, não podia contar com quem contou comigo. Minha noiva costuma dizer que é por que eu tenho cara de bonzinho e as pessoas precisam disso, ou coisa parecida. Bom, toda essa lenga-lenga foi só para dizer uma coisa para lá de óbvia mas que, ainda assim, pouca gente lembra: quem te ouve também tem o que falar de vez em quando.

Monsieur Daniel Auteuil

Meus 4 (quatro, isso mesmo) queridos leitores, quem anda lendo meus posts sabe que eu já citei o Monsieur Auteuil em dois comentários de filmes e que no último prometi falar mais sobre ele.

Auteuil nasceu em 24 de janeiro de 1950, em Alger, Algeria. De acordo com o IMDB, sua extensa carreira começa em 1974, na série de TV Les Fargeot, até onde sei, desconhecida no Brasil.

Trata-se de um ator ímpar. Capaz de transmitir sentimentos com um franzir dos olhos ou com um arremedo de sorriso amargo, como só ele é capaz de fazer. Não creio ter assistido sequer um décimo de tudo em que ele atuou, bem como conheço pouco da biografia dele. O que interessa, neste momento, para mim, é que os filmes que vi com ele figuram na lista dos melhores filmes que vi. Todos os filmes que vi com ele constam da minha lista de melhores! A lista a seguir não está em ordem cronológica, como costuma acontecer, mas na ordem em que os vi.

La Fille sur le pont (1999): batizado de "A Garota Sobre a Ponte", em português, este filme foi o primeiro que assisti com o ator, que representa Gabor, um atirador de facas cuja carreira entra em decadência e que tem o saudável hábito de procurar suas auxiliares de palco nas beiradas das pontes nas noites frias de Paris. Aqui ele vai do sisudo ao alegre, do hilário ao desesperado em questão de segundos. Uma dica: a última frase do filme explica e fecha a estória. O filme é dirigido por Patrice Leconte.

La Veuve de Saint-Pierre (2000): "A Viúva de Saint-Pierre", em português. Neste filme, Daniel representa Jean, um capitão da Marinha Francesa do século XIX, nas Antilhas, que aguarda a chegada da guilhotina para a execução de um condenado à morte por um assassinato cometido enquanto estava bêbado. Neste meio tempo, sua esposa (representada por Juliette Binoche) toma o prisioneiro como protegido. Essa ação faz a vida de Jean e sua esposa prosseguir um rumo que colocará à prova o amor, a dedicação e a capacidade de perdoar dos personagens. Também é dirigido por Patrice Leconte.

La Reine Margot (1994): aqui, Auteuil representa Henrique de Navarra, no filme que trata dos acontecimentos em torno do Massacre da Noite de São Bartolomeu, ocorrido na França, em 24 de agosto de 1572. Mais uma representação estupenda do ator, no roteiro baseado no livro de Alexandre Dumas, Pai e dirigido por Patrice Chérrau. Intitulado "A Rainha Margot" em português, o filme ainda conta com a participação de Isabelle Adjani (como Margot) e da lendária Virna Lisi (como Catarina de Médici).

Le Huitième Jour (1996): "O Oitavo Dia" conta a estória de Harry (Auteuil), um executivo que perde a família por viver concentrado apenas em seu trabalho. Ao dirigir-se para casa da ex-esposa para encontrar com suas filhas, por pouco não atropela Georges (magnificamente representado por Pascal Duquenne), que é portador da Síndrome de Down. Enquanto tenta devolver Georges à sua família, com pouco sucesso, e se reaproximar de suas filhas, Harry vai, aos poucos, aprendendo de que a vida é realmente feita. Dirigido por Jaco van Dormael, esse talvez tenha sido o filme que mais me fez chorar até hoje (tanto que, só de lembrar, os olhos estão cheios de lágrimas).

Le Placard (2001): Batizado em português como "O Closet", traz Daniel Auteuil como François Pignon, em uma comédia que simplesmente está entre as três melhores que já vi. O link no título aponta para um post anterior, que fala mais sobre o filme.

L'Adversaire (2002): Também já comentado neste blog, "O Adversário" traz Daniel como o atormentado Jean-Marc Faure, que após enganar a família por quase duas décadas, resolve matar a todos e tentar se matar para que sua farsa não seja descoberta. Como disse no post sobre o filme, essa deve ser a melhor atuação de Auteuil, no melhor drama que vi até hoje.

Enfim, trata-se de um ator único, que consegue transmitir credibilidade tanto na comédia quanto no romance ou no drama. Na minha opinião, é o melhor ator vivo, dentre aqueles cujo trabalho eu conheço. Talvez seja o melhor ator de todos os tempos.

O Closet

Molecada, tava no Fórum do site Garotas que dizem Ni, e uma amiga tava contando que assistiu, pela segunda vez, O Closet, com Gérard Depardieu e Daniel Auteuil, entre outros. Para quem lê esse blog com alguma freqüência já deve ter percebido que o sr. Auteuil é um dos meus atores prediletos. No próximo post falo mais sobre isso.

O filme conta a estória de François Pignon (Auteuil), um sujeito mais que comum, quase medíocre, que separou-se da mulher, cujo filho o detesta, achando-o um verdadeiro mané (bom, para dizer a verdade, ele é um mané). Além de ter perdido sua família, Pignon é tratado como um quase nada no ambiente de trabalho, a ponto de ser empurrado e sair pela metade na foto anual dos funcionários da fábrica onde ele trabalha. A fábrica produz camisinhas.

Como se não bastasse, Pignon está próximo de ser demitido, devido a um corte de custos. Acontece dele saber antes de ser comunicado e, conversando com um novo vizinho, surge a idéia de que nosso (anti-)herói finja ser homossexual e dificulte sua demissão, já que se o caso for tratado como discriminação, o produto da empresa vai acabar manchado no mercado... Aí entra Félix Santini (Depardieu) como um funcionário machão e brutamontes. Bom, o que é que vocês imaginam que vai acontecer? Garanto a vocês, vai ser pior e mais hilário do que vocês sejam capazes de imaginar.

O filme é escrito e dirigido por Francis Veber, que eu não conhecia e que toca essa comédia fantástica com leveza e mão certeira. Pelo que consta no IMDB, existe uma versão americana anunciada baseada no script do diretor. Duvido que seja melhor que o original.

sábado, janeiro 29, 2005

Donnie Darko

Molecada, antes de falar qualquer coisa sobre esse filme, vou confessar que é um dos filmes mais surpreendentes que já vi. E também que tenho um medo enorme de fazer um comentário que não fique à altura do filme.

Vamos à bolacha: Donnie Darko é um adolescente típico de classe média americana que, de repente, passa a ter visões de um coelho gigante que ordena que ele faça determinadas coisas. Em uma das primeiras seqüências, o coelho ordena que Donnie (vivido por Jack Gyllenhall) saia do seu quarto e vá para fora da casa. Nosso amigo obedece e, ato contínuo, uma turbina de avião cai sobre a casa, atingindo o quarto de Donnie. A FAA (o equivalente americano do DAC) investiga o acidente mas não consegue encontrar o avião que perdeu a tal turbina.

Avançando um pouco na estória, Donnie conhece Gretchen Ross (Jena Malone), garota nova na cidade e se interessa por ela, como seria normal. Ao mesmo tempo, começa a ter visões do que ele imagina serem linhas de tempo que as pessoas seguem em suas ações. Além disso, os encontros de Donnie e Frank (o coelho gigante) se intensificam, bem como os diálogos que começam a esclarecer a estória do filme. Preste bastante atenção na conversa entre Donnie e professor Kenneth (Noah Wyle) ou você talvez tenha que rever o filme para entender o que está acontecendo.

Fica muito díficil falar de Donnie Darko sem entregar alguma pista da estória e estragar a surpresa final. Só posso dizer uma coisa: nenhum filme mexendo com a idéia de tempo conseguiu ser tão bem amarrado no final.

Além da estória, os velhinhos (de 30 anos para cima) ainda têm mais um motivo para ver o filme: músicas como Killing Moon (do Echo and the Bunnymen), Head Over Heels (Tears for Fears), Notorius (Duran Duran), Love Will Tear Us Apart (Joy Division, mas dessa eu sou suspeito para falar) e Mad World (também do Tears for Fears) fazem parte da trilha sonora, mas não estão ali para enfeitar. Se você conhece as letras dessas músicas, vai perceber que elas fazem parte da narrativa.

Donnie Darko é um filme de suspense e ficção com uma estória prá lá de surpreendente e bem amarrada. Você quer saber de que avião caiu aquela turbina do começo da estória? Passe na locadora, alugue o filme e descubra como essa confusão toda começa.

Que chuva!

Trabalhar num sábado é um troço extremamente chato para quem já se esmerilha de segunda à sexta, das oito da manhã até sabe Deus que horas. Se além do sábado, você emendar com o domingo, argh! Prefiro me alimentar só de salmão e yakult! Agora, se no meio do processo cai um toró, meu humor vai visitar o rio Styx.

É sério: detesto chuva! Fico totalmente down com céu cinza. Gosto do calor, do sol brilhando, da ausência de nuvens no céu. Aliás, do céu completamente limpo, de chegar a doer nas vistas. Para quem já viu aí perto da foto, moro em Salvador. Das cidades que eu conheço é a que tem o céu mais bonito no verão.

Sempre que eu falo de chuva e tempo feio, me refiro a Dublin, Irlanda. Nunca fui lá, mas minha impressão que o mais perto do azul que aquele céu chega é uma cor próxima do grafite. Pode ser maldade minha, mas que se eu vivesse num lugar com céu escuro a maior parte do tempo eu morreria de depressão, disso eu tenho certeza.

Espero que amanhã eu acorde para ir trabalhar com um céu azul lindo e um sol de rachar. Não é exatamente agradável trabalhar num domingo de sol, mas num domingo de chuva é o fim da picada.

Abraços e Beijos, molecada.

Cake

E aí, molecada? Conhecem a banda do título do post? Se conhecem, reforçam a teoria de que eu fui a última pessoa do planeta a conhecê-la, se não conhecem, estão perdendo uma das bandas mais legais do final do século passado.

Conheci esta banda por acaso, em uma madrugada de insônia, onde sobrou apenas a MTV como companhia e tive a sorte de me deparar com o clip da versão deles para o I Will Survive, do disco Fashion Nugget, de 1999. Essa versão conseguiu a proeza de ser melhor que o original! Esse disco tem ainda uma versão para um bolero bem conhecido nosso, cujo nome em inglês é Perhaps, Perhaps, Perhaps. (Sim, é essa mesmo que a senhora está pensando!)

Além dessas duas músicas, os três discos lançados pela banda: Prolonging the Magic, de 1998 e Comfort Eagle, de 2001, além do já citado Fashion Nugget, apresentam músicas pop simplesmente deliciosas, com letras caprichadas e títulos como "Frank Sinatra", "Italian Leather Sofa", "Sad Songs and Waltzes", "Meanwhile, Rick James..." e "Short Skirt/Long Jacket".

Os discos da banda podem ser ouvidos na Rádio Terra. Quando encontrei os discos por lá, acabei ouvindo os três em seqüência. São muito bons.

Olha a praga do primeiro post de novo...

Bom, molecada, tendo começado um blog (Filmes de Guerra, Canções de Amor) e sendo maluco o suficiente para me obrigar a falar somente de cinema e de música nele, resolvi criar outro blog para falar das coisas bestas que me acontecem de vez em quando. Das alegrias, das tristezas, das coisas legais ou estúpidas que acontecem.

Comentar, por exemplo, que ando ouvindo o DVD do New Order como um maníaco e que acabou se tornando a banda que mais gosto nos últimos 30 dias - foi assim com o Linkin' Park no final de 2003, começo de 2004. Em outras palavras, ter a presunção de falar sobre
A Vida, o Universo e Tudo o mais.

PS: Para quem ainda não sabe, o título deste blog e sua URL foram descaradamente chupados do primeiro livro da trilogia de quatro livros (que viraram cinco) do Douglas Noel Adams (DNA), O Guia do Mochileiro das Galáxias.

sábado, janeiro 22, 2005

Love Will Tear Us Apart II

Uma coisa engraçada que aconteceu comigo, quando criei este blog: me decidi a não falar de coisas muito pessoais, exceto no que se tratasse dos meus gostos musicais ou cinematográficos. Só que é muito díficil não falar de si mesmo, ainda que indiretamente.

Quando estava escrevendo o post anterior, fiquei imaginando o que foi que me fez gostar tanto de Love Will Tear Us Apart, que eu conheci quando tinha 17, 18 anos e gravadora Styletto lançou o disco Closer, do Joy Division, que contém essa música. A letra da música está ai embaixo:

When routine bites hard, and ambitions are low
And resentment rides high, but emotions won't grow
And we're changing our ways, taking different roads
Then love, love will tear us apart again

Why is the bedroom so cold? You've turned away on your side
Is my timing that flawed - our respect run so dry?
Yet there's still this appeal that we've kept through our lives
Love, love will tear us apart again

You cry out in your sleep - all my failings expose
There's a taste in my mouth, as desperation takes hold
Just that something so good just can't function no more
When love, love will tear us apart again

Fiquei pensando se ouvir essa música não mudou minha forma de ver as relações entre homem e mulher e se eu não aprendi a ser como sou por conta da letra dessa música. Acho que gosto tanto dessa canção justamente pelo fato de que ela me lembra daquilo que já vi acontecer muito à minha volta e que eu não quero que aconteça em minha vida. Cada vez que a ouço percebo que estou conseguindo fazer a coisa que acho certa, mesmo nas piores situações e isso me deixa feliz. Paradoxo, ou não, acho que é isso.

Love Will Tears Us Apart

"It's Love Will Tear Us Apart". Dessa forma, Bernard Sumner apresenta uma das canções mais bonitas (e mais tristes) das últimas décadas e uma das minhas músicas prediletas no DVD New Order 511 Live at Finsbury Park, que está rolando full-time no meu player: serve para hora em que estou pedalando, para quando estou estudando, lendo, batendo papo ao telefone, enfim: é o que estou ouvindo neste momento.

Como quem acompanha a carreira da banda já sabe, o New Order é formado pelos remanescente do Joy Division, depois que o vocalista Ian Curtis cometeu suícidio, no começo da década de 80. De lá para cá, o New Order pouco tocou as músicas do Joy Division.

Achei o show espetacular, mesmo com (ou talvez por isso) os erros do Peter Hook no baixo, com o Bernard lendo as letras das músicas no teleprompter e perdendo o tempo nos acordes da guitarra, com o desconforto do Stephen Morris na bateria. Os caras são tão humanos quanto eu e você, estão se divertindo horrores no palco - como no início de Temptation, quando Bernard diz que aquela é sua música e resto da banda dispara a bateria eletrônica e sai do palco rindo, ou quando, em Digital, Bernard e Peter chamam John Simm, que representou Bernard no filme 24hr Party People, para cantar com a banda.

Além disso, a ausência de Gillian Gilbert, afastada da banda para cuidar de sua filha, substituída pelo guitarrista Phil Cunningham, adicionou mais pegada rock'n'roll às canções techno da banda.

Depois da enrolação, vamos as minhas músicas preferidas deste show:

Crystal: uma músiquinha pop bem sem-vergonha, mas que abre o show com nota 10.

Transmission: é Joy Division tocado de forma furiosa no show, não tem muito o que dizer além disso, exceto que eu gosto, e muito, dessa música.

Regret: a introdução já deixa completamente nas nuvens, aparece um sorriso no rosto e fico completamente besta. Precisa dizer mais alguma coisa?

She's lost control: costumo pensar que a namorada do Ian Curtis, autor da letra, tinha uma TPM capaz de provocar uma guerra... É verdade que ela está mal tocada, mas o Bernard se desculpa no final.

Bizarre Love Triangle: começa assim "Every time i think of you/ I feel shot right through with a bolt of blue/It's no problem of mine but it's a problem I find/Living a life that I can't leave behind". É linda, eu fico todo besta ouvindo e pronto.

Love Will Tear Us Apart: dessa, eu nem preciso falar, né?

Blue Monday: essa eu ouvi tanto quando tinha entre 14 e 17 anos nas festas que eu participava que ficou marcada. Fazer o quê?

Resumo da ópera: é um show muito bom e se você gosta do New Order precisa ter esse show em casa. Se você não gosta, alugue e dê uma sacada, quem sabe você não passa a gostar?

Um grande abraço, molecada.

quinta-feira, janeiro 20, 2005

Frankly, my dear, I don't give a damn!

Molecada, pelo título do post, vocês já devem ter percebido que de qual filme estou falando: E O Vento Levou.

Eu e minha noiva completamos ontem (19/01) 9 anos juntos e, para comemorar, resolvemos preparar um jantar e assistir o filme depois. Tenho que confessar que nunca fui muito fã deste filme. Assisti três ou quatro vezes, uma com minha noiva, alguns anos atrás e duas com a família, ainda moleque, cortesia da Rede Globo de Televisão. Gostei, é verdade, mas nada espetacular, na minha antiga opinião.

Se é que alguém não sabe ainda, este filme foi lançado em 1939, arrematou 10 Oscars, encantou milhões de pessoas e trata (dependendo do seu ponto de vista) da estória de Scarlett O'Hara, menina rica da Georgia que vê seu mundo ser destruído pela Guerra de Secessão, enquanto vive seus encontros e desencontros ao longo da vida, ou da estória de como a Guerra de Secessão acabou com o "mundo perfeito" sulista dos Estados Unidos, através dos olhos da protagonista.

Independente de como você entenda a estória, tive a certeza, na noite de ontem, de que este filme faz jus a tudo que dizem dele. Fotografia impecável, representações espetaculares (Clark Gable, Vivian Leigh, Olivia de Havilland, Hattie McDaniel, por exemplo), roteiro muito bem escrito, apoiado num livro que ainda não tive o prazer de ler, mas que todos dizem ser ainda melhor que o filme e que, ainda por cima, retrata personagens que não são unidimensionais, que não são puros, cada qual com seus vícios e virtudes. Existem poucos filmes assim! Confesso que parece que vi o filme pela primeira vez e que as quase 4 horas passaram rápido, apesar do sono que insistia em pegar no nosso pé.

Se pudessémos ser tão arrogantes a ponto de dizer que alguns filmes se enquadrariam na categoria "Melhores do Mundo", eu, desde as duas da manhã de hoje, incluiria E O Vento Levou nessa categoria, muito provavelmente no topo da lista. Amei o filme. É um dos melhores filmes que já vi. Se você ainda não viu, ou se viu e não gostou, dê-lhe outra chance. O filme merece, Scarlett, Rhett, Mammy, Prissy, Ashley e Melly merecem.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Perigo, Will Robinson, Perigo

"O ano é 1997, os cientistas da Terra procuram uma solução para o problema da superpopulação do planeta. O planeta mais próximo capaz de sustentar vida humana fica próximo à estrela Alfa-Centauri..."

Começa, mais ou menos desta forma, o episódio O Clandestino Teimoso, primeiro episódio da série Perdidos no Espaço exibido no Brasil. A série, como muitos de vocês devem saber, conta as aventuras e desventuras da família Robinson, do piloto do Don West e do maquiavélico Dr. Zachary Smith, após a decolagem da Jupiter 2 em direção à Alfa-Centauri, onde observações feitas a partir da Terra determinaram a existência de um planeta compatível com a vida humana. Só que o nosso querido dr. Smith, servindo a um país estrangeiro, tenta sabotar a missão. O destino acaba levando-o para dentro da nave e seu peso faz com que a Jupiter 2 desvie-se da rota e fique, literalmente, perdida no espaço sideral.

A série começou a ser exibida no Brasil em 4 de dezembro de 1966 (um ano depois do lançamento nos Estados Unidos) pela TV Record, após o Jovens Tardes de Domingo e antes do programa de Hebe Camargo. Daí dá para ter um pouco de noção da importância da série no Brasil.

Esse blá-blá-blá todo aí em cima é só para poder contar a emoção que senti ontem ao assistir o primeiro episódio. Nasci depois que a série foi exibida originalmente no Brasil e só assisti às reprises, através da rede Tupi, creio eu, nos idos de 1978. Confesso que não lembro de ter visto O Clandestino Teimoso, mas foi maravilhoso rever a série que marcou minha infância, seja pela ficção científica - que marcou meu gosto cinematográfico e literário de maneira indiscutível por conta dessa série, seja pela paixão por Penny Robinson, cultivada nos anos de criança e que me levou até a escrever um conto (hoje seria chamado de fanfic) onde eu a salvava de um monstro qualquer, seja pelas horas de prazer proporcionadas pelas aventuras de Will Robinson (quanta inveja daquele moleque!) e do Robô.

A série teve 83 episódios em 3 temporadas e a primeira e a segunda saíram completas em DVD. Comprei a primeira e agora não vejo de hora de curtir, novamente, as aventuras da família que se sacrifica para tentar salvar o planeta Terra. Se você tiver um cofrinho aí por perto, saque o seu rico dinheirinho e corra para uma loja que venda DVDs, namore a caixa e, se puder, faça como eu: junte-se à família Robinson e tente nos ajudar a encontrar Alfa-Centauri e salvar o planeta.

Créditos: Grande das informações sobre a série constantes deste texto foi retirada da página especial do canal Retro TV sobre a série Perdidos no Espaço, localizada aqui. Vale a visita.

Meu Tio Matou um Cara

Feliz 2005, molecada!

Após uma temporada não anunciada de férias, meus 3 (eu disse três) leitores podem ficar tranquilos, pois estou de volta! Como diria Duca:

- Meu tio matou um cara.
- De carro?
- Não, de tiro.

Bom, se você ainda não sabe do que estou falando, dê um pulo no cinema mais próximo de sua casa e assista Meu Tio Matou um Cara, do Jorge Furtado (que também dirigiu O Homem que Copiava). Antes de qualquer opinião sobre o filme, vai uma sobre cinema nacional que me ocorreu quando vi uma sala de 250 lugares cheia e uma fila enorme para a sessão seguinte: cinema nacional de boa qualidade não precisa de cotas. E que fique claro que o filme em questão é ótimo.

O filme conta a estória de Duca (Darlan Cunha), sobrinho de Éder Fragoso (Lázaro Ramos), o Tio que matou o cara. Éder é um sujeito meio enrolado, com algumas tentativas frustradas de se dar bem na vida. É irmão de Laerte (Ailton Graça), cunhado de Cléia (Dira Paes) e tio de Duca. Certo dia, nosso amigo bate à porta da família do irmão, sem avisar, e vai logo informando: "Matei um cara." Segue-se um pequeno constrangimento, os pais mandam Duca para o quarto, como quem tenta evitar que ele tome contato com a estória. Acontece que a estória da morte do cara em questão está meio mal-contada e Duca, aparentemente viciado num jogo de investigação, começa a questionar os buracos do desenrolar contado pelo tio: o ex-marido de sua namorada foi até sua casa, eles brigaram e Éder matou o sujeito.

Seria banal se essa confusão toda não fosse apenas pano de fundo para o romance de Duca e Isa (Sophia Reis), sua melhor amiga e apaixonada por Kid (Renan Gioelli). A coisa começa a se enrolar quando Duca e Isa vão visitar Éder na prisão e este pede aos dois que vão dar um recado à sua namorada, Soraya (Deborah Secco): "Digam a ela para não vir aqui, de jeito nenhum!" Duca e Kid vão descobrir o prédio e dar o recado à dita cuja. Bom, meus três leitores, aí a estória começa a dar nó e eu não vou contar mais nada!

Do lado técnico, roteiro, trilha, fotografia e direção são irretocáveis. Acho que já podemos falar de um padrão de qualidade Jorge Furtado: o roteiro com reviravoltas inteligentes, que respeita a inteligência do espectador. Conta, ainda, com as marcas características do Jorge: o filme sendo narrado pelas ações e reflexões do personagem central, o uso de outras mídias para contar a estória (aqui, o Jogo de Investigação, em O Homem que Copiava, as animações), as cenas no ônibus.

Quer uma boa sugestão para o filme de meio ou fim de semana? Corre dessa cadeira e vai assistir o filme do Jorge Furtado. Meu Tio Matou um Cara é muito, muito bom.