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terça-feira, março 01, 2005

A Sangue Frio - Os últimos a vê-los com vida

Antes de começar este texto, deixa eu comentar duas coisas importantes. A primeira, até ler este texto, no Garotas que Dizem Ni, eu não conhecia o livro A Sangue Frio. Se ouvi ou li algo sobre ele, simplesmente apaguei da minha memória. A segunda é que até então, eu não sabia quase nada sobre Truman Capote, exceto o nome e o fato de que uma foto dele ilustra a capa do single The Boy With The Thorn in His Side, do The Smiths.

Dito isto, devo dizer que depois que li o texto, fiquei extremamente curioso sobre o livro. Tenho uma compulsão em entender porque alguns dos nossos semelhantes tomam a trilha dos dois assassinos do livro. Isso me fez comprar o livro na primeira oportunidade e começar a lê-lo quase compulsivamente.

O livro, se você leu o texto da Clara já sabe, trata do assassinato da família Clutter, pai, mãe e dois filhos adolescentes, na cidadezinha de Holcomb, no Kansas, em novembro de 1959, por Perry Smith e Richard Hickock (Dick). Truman Capote, que se orgulhava de ter criado um novo gênero literário com este livro, passou um ano e meio morando na cidade e conversando com os moradores, policiais e com os assassinos, sem uso de notas ou gravador. Passou cerca de 5 anos mais para reunir todas as informações e escrever o texto, originalmente publicado na revista The New Yorker, em quatro partes, em 1965, e lançado como livro no ínicio de 1966.

Quando comecei a ler o livro, tinha a intenção de fazer pequenos posts comentando minhas impressões no dia-a-dia da leitura. Não consegui. Não dava para largar o livro meia hora antes de ir dormir para escrever. Se você, como eu, gosta de estórias policiais e pensa que a realidade pode ser mais cruel que qualquer escritor, sua reação pode ser parecida com a minha. Decidi comentar minhas impressões após acabar de ler cada parte do livro.

Os últimos a vê-los com vida é o título da primeira parte do livro, onde Capote narra, a partir das entrevistas, o último dia de vida da família Clutter, bem como a preparação de Perry e Dick para um "trabalho". Ocorre que esse trabalho, planejado com antecedência, inclui o assassinato de qualquer testemunha. A primeira parte termina com a descoberta do crime, na manhã do domingo seguinte à chacina e mostra as primeiras reações das pessoas da cidade.

Truman retrata a família Clutter e os assassinos como extremos de um mesmo mundo, ao menos nesta primeira parte, ambos decididos a construir o seu futuro sobre suas premissas e com consciência disso. Já sabemos como a estória termina, Capote tenta nos mostrar o que está oculto no caminho que leva ao desenlace que conhecemos.

A Sangue Frio é um livro denso, poderoso. A construção do texto como um "romance de não-ficção", conforme definido pelo autor, torna-o forte, encantador e assustador ao mesmo tempo. Parafraseando Matinas Suzuki Jr, autor do posfácio da nova edição brasileira e coordenador da série Jornalismo Literário, da qual o livro faz parte, nem tudo é verdade, apesar de verdadeiro. É um livro para ser devorado sem perder de vista que o cerne da alma humana está ali exposto com todas as suas contradições.

14 Comments:

  • At 2:50 PM, Anonymous Anônimo said…

    Vixe...! Você já terminou de ler, mas ainda vou escrever minha dedicatória! :p Deve ser muito bom mesmo, a julgar pela sua velocidade. Já pelo tema, vamos ver o quanto de coragem tenho. Agora diga ai: o leitor tb tem q ter sangue frio??
    Bjs
    sua Gatita.

     
  • At 3:04 PM, Blogger André Moraes said…

    Eita, minha gatinha,

    Terminei ainda não. Só acabei a primeira parte e já fiquei fanzão do negócio. O livro é muito bom!

    Até agora, o leitor não precisa de muito sangue frio pra ler não. Só na hora de parar de ler. Isso é uma decisão dura! :-)

    Beijão,

    Déco

     
  • At 4:06 PM, Anonymous Anônimo said…

    Ahhh bão Amore... acho q ando meio lenta! :)

    Tb tento compreender onde está a inovação do Capote, em relação ao estilo literário, já que ficção e realidade andam já há muito de mãos dadas por aí - veja só a longa data do romance-histórico.

    Estive pensando se a diferença pode estar na distância temporal entre o Capote (+ seus leitores) e os fatos. Talvez isso tenha dado um tempero diferente ao texto, mas os elementos continuam sendo os mesmos de um romance-histórico - ainda que ele tenha utilizado recursos que para a década de 1960 eram ainda inovadores (História Oral).

    Os críticos da época, quem sabe, não puderam conceber este livro como romance-histórico porque o conceito de história que tinham se ligava a um passado mais distante no tempo...

    Vai lendo aí, depois me diz!

    Beijos, beijos!

    sua Gatita.

     
  • At 11:00 AM, Anonymous Anônimo said…

    André, já comecei a ler o livro, mas acabei esquecendo na casa de quem ia me emprestar!

    Mas ele é realmente muito bom.

     
  • At 11:09 AM, Blogger André Moraes said…

    Grande Muta!

    Cara, o livro realmente é muito, muito bom! Demorei pouco para ler a primeira parte (uns 3, 4 dias). Já a segunda parte, li quase toda ontem!

    O cara é espetacular!

    Um abraço

     
  • At 11:15 AM, Blogger André Moraes said…

    Gatinha,

    Fiquei pensando na sua questão a respeito da inovação de Truman Capote e me lembrei muito do "A IBM e o Holocausto" que é um documento histórico, mas é também uma reportagem.

    Talvez por ser dirigido ao grande público, no formato de reportagem, o texto de Capote tenha tido tanto impacto, já que este tipo de jornalismo não era sequer bem-visto à época, como creio que não o é hoje em dia (me lembrei do Martin Bashir entrevistando o Michael Jackson).

    Acho que "A Sangue Frio", como documento histórico, vai passar pelas mesmas situações que "Malês" passou. Tanto como documento reconhecido quanto pelas críticas que você levantou na especialização. Nesse aspecto, são livros irmãos.

    Um beijo.

    Déco.

     
  • At 1:28 PM, Anonymous Anônimo said…

    Hummm... sei não...
    Acho q desconcordo! :)
    Depois falo mais.
    TE AMO DEKINHO LINDO DO MEU CORAÇÃO!!!
    sua Gatita.

    (ainda não chegou.. heeheh..)

     
  • At 11:14 AM, Anonymous Anônimo said…

    Amoreco,

    Posso ser chata??? Lá vai!

    1. IBM... não é um documento histórico sobre o holocauto; é um documento histórico sobre como o holocausto pode ser enfocado no início do séc. XXI

    2. IBM... não é uma produção historiográfica (porque jornalistas não são historiadores! eheheh)

    3. IBM... não se propõe a ter elementos de ficção, ao contrário! A idéia é "mostrar" a verdade. É um ensaio jornalístico. Diferente de A SANGUE FRIO... que desde o início tem uma proposta de apresentar elementos ficcionais.

    4. Não vejo como comparar IBM... e A SANGUE FRIO... ! Apesar de utilizarem matéria jornalística, fazem uso bem distinto dela - se classificam de maneira bem diferente por conta do ingrediente ficcional (presente apenas em A SANGUE FRIO..., inclusive observei q o nome da coleção a que ele se vincula é JORNALISMO LITERÁRIO, o que dá pano pra manga)

    5. Eu acho que dá para comparar A SANGUE FRIO... com MALÊS... sim, e com qualquer outro romance-histórico. Na verdade o que eu tô querendo entender aqui é porque o livro do Capote não foi de pronto classificado como tal, e vieram com essa de novidade, novo estilo, e etc. Estou tentanto ver onde está a novidade, por isso pensei na questão da distância temporal... por enquanto estou achando que é só golpe publicitário mesmo! eheheh

    6. Jornalismo literário... que onda... me faça uma carapa! Posso até mudar de idéia, mas tô achando isso tudo muito estranho. :O

    Sem mais, depois da chatice (só beijos procê!!!)

    SMACK!!!!

    Sua Gatita.

     
  • At 8:59 AM, Anonymous Anônimo said…

    Grande André, aqui é Miudinho, André da netra. Poxa, logo agora que eu link você no meu blog é que você muda de endereço? EHEHEHE assin não dá! Abraços

     
  • At 3:35 PM, Anonymous Anônimo said…

    Eeeeeeeeeee mané! Fiquei meia hora para abrir a outra página... e só então me tocar que vc transferiu tudo pra cá... vc, heim?! nananinanão! ^^

    Massss... Ainda não li este livro, mas já ouvi falar dele e me interessei... Estou no "o Código da Vinci" agora, e em breve embarco no "Anjos e Demônios"... Vamos ver se consigo compra-lo!

    Interessante...! :-)

    Menino, to hiperativa hoje... Não paro quieta! x-|

    Mas é issae... :-) Fique bem, amigo! Até logo!!!!!!





    Laura

     
  • At 8:29 PM, Anonymous Anônimo said…

    Eu gostei muito do livro apesar de ser compulsivo por leitura foi uma dos melhores livros que ja li e olha que ja li muitos, de graciliano ramos a sherloock.Mais nao entendi um comentario de que nao sabia pq eles mataram os clutter a pessoa que disse isso nao deve ter prestado atençao pois o proprio dr.satten que era um psiquiatra que capote bota no livor dizia que perry sofria esquisofrenia e ele matou nao pq era mau ou algo do tipo mais pq ele teve um disturbio como se os clutter fosse todas as pessoas que fizeram mau a ele no passado e o proprio capote diz no livro.quanto a dick ele foi como cumplice mais nao os matou. tambem tinha carater tumultuado uma patologia seria.

     
  • At 8:43 PM, Anonymous Anônimo said…

    Outra coisa que nao compreendo e leigos que dizem:onde esta a inovaçao de capote? ja que ficxao e realidade ja andam a muito tempo de mãos dadas.em primeiro luga vc nao sabe do que fala pois capote foi uns se nao o primeiro a fazer um livro romance documentario tanto que os seu conteporaneos fizeram livros do mesmo padrao como o livro o adversario.e os criticos conceberam sim o romance tanto que por causa desse fato ele ficou milhonário.agora recursos inovadores pra decada de 60 e boa pois como se (historia oral) fosse uma coisa inovadora pra aquela epoca afinal varios escritores faziam livros com fatos de alguem falando nao como capote que fez uma investigaçao pulicial mais faziam.

     
  • At 9:00 PM, Anonymous Anônimo said…

    o gatinha como ja havia falado tem novidade sim pois capote foi o 1 escritor a fazer um livro entrevistando pessoas ao vivo. e quanto ficcional a ''a sangue frio'' so se for na terra do nunca o livro e todo veridico, tudo, eu pesquisei todos os personagens e ele existiram mesmo se vc for raciocina vc nota esse fato no filme de 2005 de capote eles nao usam os nomes de personagem como a susie botando laura e bobby colocando denny pois estao vivo e preservao a suas imagens e jornalista e historiador sim vc ta falndo besteira entao os jornalista nao estudao a historia das coisas o passado etc?

     
  • At 9:08 PM, Anonymous Anônimo said…

    e pra termina gatinha jonalismo literario sim pois capote pra fazer o livro pegou o artigo no jornal americano se nao me engano no new york times inclusive capote era jornalista do new york times e escritor e pode ser considerado jornalismo literario pois ele entrevistou todos é um jornalismo isso.nao teve golpe publicitario nenhum capote mereceu o prestigio agora ficcional ainda me irrita isso entao quer dizer que memorias do carcere e ficcional por favor gatinha estuda as coisas antes de da uma de intelectual.

     

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