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segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Sideways

Molecada, deixa eu confessar: essa página ficou em branco por, pelo menos, uma hora e meia antes que eu me decidisse enrolar no começo deste post. É muito díficil falar de algo que você achou bom sem racionalizar, sabe? Foi assim, ontem à tarde, com Sideways - Entre umas e outras (mais um subtítulo infeliz para a nossa conta...) Tenho uma teoria maluca que diz que um filme realmente bom conquista quem o assiste independente do gênero. Esse filme maravilhoso confirma minha idéia.

Escrito com base no livro de Rex Pickett e dirigido por Alexander Payne, que também escreveu e dirigiu Eleição e Confissões de Schmidt e estrelado por Paul Giamatti, Thomas Haden Church, Virginia Madsen e Sandra Oh, conta uma semana da vida de Miles Raymond: a semana antes do casamento de seu grande amigo Jack, de quem Miles vai ser padrinho de casamento.

Como padrinho de casamento, Miles (Giamatti) resolve dar de presente a Jack (Haden Church) uma semana inesquecível, como despedida de solteiro, incluindo passeios por vinhas famosas da Califórnia, boa comida e golf. Bem, nosso amigo Jack tem outra idéia sobre a semana inesquecível antes do seu casamento e aí começam as complicações. Junte a isso o fato de Miles estar divorciado e sozinho há dois anos, ter esperanças de voltar para sua esposa e ter um livro que é continuamente recusado por toda e qualquer editora para o qual ele é enviado.

À medida que Jack começa a transformar o agradável passeio imaginado por Miles em sua festa de despedida, surgem Maya (Virginia Madsen), garçonete em um restaurante onde Miles costuma ir beber e comer em seus passeios na região e Stephanie (Sandra Oh), que trabalha em uma vinícola no roteiro dos dois amigos. Desses encontros resultam um caso tórrido entre Jack e Stephanie e o começo de uma bela estória de amor entre Miles e Maya.

O diretor trata essa estória quase banal com sutileza suficiente para que uma seqüência óbvia, que a maioria das pessoas tem certeza que vai acontecer, seja capaz de emocionar e com uma aversão pelos caminhos convencionais, conjugando diálogos, fotografia, cenários e a performance espetacular dos atores principais.

Tendo como pano de fundo esta semana, Payne discute a meia-idade, os medos de cada um de nós, os motivos pelos quais cada um chegou onde chegou e os caminhos que cada um de nós pode tomar. Amizade, amor, cumplicidade e coragem estão presentes nesta estória um tanto quanto triste para ser chamada puramente de comédia e alegre demais para ser chamada de drama. Sideways é um filme que não se deixa se classificar facilmente e que deixa o espectador entre a tristeza e alegria pelo destino, visível ou presumido, dos personagens. Um filme verdadeiramente agridoce.