E no fim de tudo, é somente Amor
Bom, molecada, este post começou a ser gestado na manhã de hoje. Acordei às 5:00 h, sem que o rádio-relógio começasse o seu show de galinha sendo esgüelada, rolei para um lado e para o outro da cama e desisti de dormir de novo. Levantei, botei o DVD do New Order e fiquei fazendo as coisas cotidianas. Lá pelas tantas, meu amigo Bernard Sumner introduz Bizarre Love Triangle, com a frase:
Confesso que, na mesma hora, fiquei maquinando sobre o tal Triângulo Amoroso Bizarro, quem seriam as partes desse triângulo? Seriam dois homens que amavam a mesma mulher? Duas mulheres que amavam o mesmo homem? O fato é que só pouco mais tarde é que me toquei que em momento algum considerei que fossem três homens ou três mulheres. Ou mesmo um homem apaixonado por uma mulher e por um homem ou uma mulher apaixonada por outra e por um homem. Qual será o triângulo, desses, que o povo do New Order quer descrever quando canta:
Depois de pensar nisso, veio a minha mente uma idéia que sempre discuto com minha noiva, a respeito de amor, de relação e que se materializou de novo com essa música: o que as pessoas fazem quando cantam uma música para o outro a quem amam e descobrem que o casal retratado na música não é do mesmo tipo que o seu. Nessa hora, lembrei de "O Mundo Anda Tão Complicado", do Legião Urbana, que eu adoro e que me dá uma imagem muito gostosa da vida que quero levar com minha noiva. Vê se não é legal poder imaginar sua vida com alguém assim:
Qual o problema disso? Conheço algumas pessoas que deixaram de achar que estes eram seus sentimentos quando souberam que era do Renato Russo para outro homem. E para dizer a verdade, não foi um nem dois amigos que tomaram essa atitude... Lamentável, né? E o pior é que se for uma mulher cantando para outra mulher, a maioria das pessoas aceita. Um homem para outro? Não vou repetir a baixaria que eu ouço por aí!
Mas tenho que dizer algumas coisas sobre isso: essa hipocrisia me entristece muito. Vou admitir, logo de cara, que já convivi com alguns casais homossexuais altamente apaixonados e minha educação machista aceitou bem o casal feminino, mas me deixou em maus lençóis com os casais masculinos...
Depois de muito tempo, passei a me perguntar, me esforçando para me livrar da minha educação machista latina, se um casal homossexual (tanto faz se são duas meninas ou dois meninos) tem que aceitar que eu e minha noiva façamos todas demonstrações de carinho, de amor e de afeto em público, sendo constrangidos com isso e eu se eu tenho o direito de invocar o respeito à minha pessoa ao ver dois homens trocando carinhos e beijos em público por que isso me constrange. O fato é que eu não posso impedir nenhum casal de fazer nada, já que eu quero exercer o meu direito de demonstrar meu carinho e amor em público!
Essa estória toda me acompanha desde muito tempo e hoje, finalmente, talvez eu tenha conseguido entender por que essa situação toda de desrespeito ao outro sempre confrontou minha educação, ainda que eu fique constrangido: no fim da contas, o beijo entre mim e minha noiva, entre você e seu noivo/namorado/marido ou entre você (menino) e seu noivo/namorado/marido ou você (menina) e sua noiva/namorada/esposa, a letra do Renato ou Triângulo Amoroso Bizarro do New Order, são todos a mesma coisa, o mesmo sentimento, que não tem gênero, não tem opção sexual, cor, raça, religião, dinheiro ou o que quer que seja.
No fim das contas, é somente Amor.
This is a story about a Bizarre Love Triangle
Confesso que, na mesma hora, fiquei maquinando sobre o tal Triângulo Amoroso Bizarro, quem seriam as partes desse triângulo? Seriam dois homens que amavam a mesma mulher? Duas mulheres que amavam o mesmo homem? O fato é que só pouco mais tarde é que me toquei que em momento algum considerei que fossem três homens ou três mulheres. Ou mesmo um homem apaixonado por uma mulher e por um homem ou uma mulher apaixonada por outra e por um homem. Qual será o triângulo, desses, que o povo do New Order quer descrever quando canta:
... It's no problem of mine
But it's a problem I find
Living the life that I can't leave behind...
Depois de pensar nisso, veio a minha mente uma idéia que sempre discuto com minha noiva, a respeito de amor, de relação e que se materializou de novo com essa música: o que as pessoas fazem quando cantam uma música para o outro a quem amam e descobrem que o casal retratado na música não é do mesmo tipo que o seu. Nessa hora, lembrei de "O Mundo Anda Tão Complicado", do Legião Urbana, que eu adoro e que me dá uma imagem muito gostosa da vida que quero levar com minha noiva. Vê se não é legal poder imaginar sua vida com alguém assim:
...Vamos chamar nossos amigos
A gente faz uma feijoada
Esquece um pouco do trabalho
E fica de bate-papo
Temos a semana inteira pela frente
Você me conta como foi seu dia
E a gente diz um p'ro outro:
- Estou com sono, vamos dormir!
Vem cá, meu bem, que é bom lhe ver
O mundo anda tão complicado
Que hoje eu quero fazer tudo por você...
Qual o problema disso? Conheço algumas pessoas que deixaram de achar que estes eram seus sentimentos quando souberam que era do Renato Russo para outro homem. E para dizer a verdade, não foi um nem dois amigos que tomaram essa atitude... Lamentável, né? E o pior é que se for uma mulher cantando para outra mulher, a maioria das pessoas aceita. Um homem para outro? Não vou repetir a baixaria que eu ouço por aí!
Mas tenho que dizer algumas coisas sobre isso: essa hipocrisia me entristece muito. Vou admitir, logo de cara, que já convivi com alguns casais homossexuais altamente apaixonados e minha educação machista aceitou bem o casal feminino, mas me deixou em maus lençóis com os casais masculinos...
Depois de muito tempo, passei a me perguntar, me esforçando para me livrar da minha educação machista latina, se um casal homossexual (tanto faz se são duas meninas ou dois meninos) tem que aceitar que eu e minha noiva façamos todas demonstrações de carinho, de amor e de afeto em público, sendo constrangidos com isso e eu se eu tenho o direito de invocar o respeito à minha pessoa ao ver dois homens trocando carinhos e beijos em público por que isso me constrange. O fato é que eu não posso impedir nenhum casal de fazer nada, já que eu quero exercer o meu direito de demonstrar meu carinho e amor em público!
Essa estória toda me acompanha desde muito tempo e hoje, finalmente, talvez eu tenha conseguido entender por que essa situação toda de desrespeito ao outro sempre confrontou minha educação, ainda que eu fique constrangido: no fim da contas, o beijo entre mim e minha noiva, entre você e seu noivo/namorado/marido ou entre você (menino) e seu noivo/namorado/marido ou você (menina) e sua noiva/namorada/esposa, a letra do Renato ou Triângulo Amoroso Bizarro do New Order, são todos a mesma coisa, o mesmo sentimento, que não tem gênero, não tem opção sexual, cor, raça, religião, dinheiro ou o que quer que seja.
No fim das contas, é somente Amor.
5 Comments:
At 11:01 AM, Anônimo said…
É amore... infelizmente a intolerância anda por aí a solta, pronta a apontar e condenar as diferenças. Acho que em relação ao homossexualismo está havendo alguma mudança na sociedade brasileira - pelo menos já é um tema comentado! Veja que já estourou até na novela das 8. Mas ainda vai um caminho. Não jogar o tema pra debaixo do tapete já é alguma coisa, e viva a galera do movimento gay que está atenta pra não deixar o assunto de escanteio.
Beijim,
Mariele.
At 11:43 AM, Gustavo T. said…
Hm... Pode reparar: os casais homossexuais femininos são bem mais aceitos do que os masculinos. Não sei porquê.
O que os gays tem de mais? Quando vi um casal gay pela primeira vez, acho que na 5ª série, soltei um "Ai, minha nossa!" de cara. Era uma coisa meio estranha.
E é, para alguns. Pra mim, é normal. Temos que aprender a respeitar e conviver com as diferenças. Só assim, quem sabe, viveremos num mundo melhor.
Abraços,
Shanti.
At 12:55 PM, André Moraes said…
Grande Shanti,
Você me lembrou de um lance que não coloquei no texto, que presenciei com minha noiva, Mariele :-), que postou antes de você:
Estávamos assistindo "Os irmãos cara-de-pau 2000" e, do nosso lado, tinha uma senhora com seu filho (que devia ter uns 12 anos). Logo depois entraram duas menininhas (acho que tinham 16,17 anos). Uma sentou em uma fila, a outra na fila da frente e ficaram dividindo um pedaço de torta (o cinema tava vazio). Não é que elas não aguentaram e uma delas foi para a fila da outra, sentou no colo da namorada e tascou o maior beijão. Prá mim foi tranqüilo, mas o legal mesmo foi a reação da mãe, quando o guri olhou com a maior curiosidade:
"Não tem nada demais não, meu filho, é normal."
Como tanto você quanto Mari disseram, a gente tem que aprender a conviver com as diferenças e essa mãe me deu o melhor exemplo que já vi.
Um abraço.
André
At 4:48 PM, Anônimo said…
Oi, amigo! :-)
Ótimo post... Ahn, coloquei essa música no post de hj!
Realmente... O diferente assusta! E é por isso que muitas pessoas não aceitam o homossexualismo...
Quanto à pergunta do Shanti... Acho que as mulheres são melhor aceitas quando se declaram lésbicas pq é normal ver amiguinhas (menininhas, crianças) andando de mãos dadas na escola, sempre grudadas, ou mesmo nos "bailões" (bailão mesmo, de música sertaneja e tudo, bota e chapéu de cowboy, xote, vanera, sabe?) as mulheres podem - e muito bem - dançarem juntas se falta um cueca na parada... Tudo isso vai criando um ar de normalidade, e até mesmo uma aura singela. Já quando são homens... Tem todo o clima de "homem brasileiro/ latino é macho!", causando estranheza e até mesmo nojo em alguma criaturas. E isso também não é culpa de ninguém, pois parte até mesmo do pressuposto de que ninguém é ignorante pq quer... Isso é fruto de sociedade+conservadorismo+igreja+tempo... E é só essa mesma fórmula que poderá mudar essa visão deturpada do ser humano, sob certa parcela de tempo...
Ahn, não tô muito bem não... Febre tá voltando...
Um aperta costela paranaense, amigo!
Laura
At 8:04 PM, Gustavo T. said…
Laura, concordo com tudo o que você disse.
Abraços.
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