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quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Confusão em uma noite chuvosa

São 00:29 de uma quinta-feira chuvosa, cinza e feia enquanto estou aqui acordado por conta de uma palestra que preciso preparar, e por conta da qual me enchi de café e energéticos, sem conseguir me concentrar em nada. Minha mente viaja do vazamento em minha parede da sala que resolveu dar o ar de sua graça hoje ao motivo pelo qual a frase "...mas você ama alguém pelos seus defeitos..." dita no filme Hellboy me tocou tanto.

É bem possível que este post fique tão confuso quanto minha mente está agora, talvez não. É o primeiro que começo sem um título definido, sem ter opção. Sou organizado demais para não fazer as coisas em ordem, mas hoje realmente não consigo agir de outra forma.

Essa inevitabilidade, que vez por outra aparece na minha vida, me lembra a personagem central de Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago, primeiro livro que li do autor português. Quem leu e sabe de quem estou falando, talvez entenda o que eu estou tentando dizer, quem ainda não conhece o livro e deseja lê-lo com todas as surpresas, por favor, pare por aqui.

Se você continua aqui, sabe que a personagem central, que como cada um dos demais, não possui um nome sequer, sendo apenas a mulher do médico, é levada de um canto a outro da estória e tenta modificar o mundo à sua volta para que ele corresponda à sua noção de realidade e normalidade. Sem perceber, ela isola do mundo todos aqueles que ama, ou passa a amar, pensando ser o correto, o humano a fazer. Replica, sem mostrar consciência, o mesmo que o Governo faz com as vítimas da cegueira.

Às vezes me sinto tão cego quanto as vítimas da treva branca do escritor português, tão cego quanto a única mulher que vê em todo o mar de cegos.

Muitas noites da minha vida agradeci por deitar a cabeça no travesseiro e sentir dor pelos males do mundo, sem um Deus para me consolar, sem uma noção qualquer que me desse conforto, em outras tantas amaldiçoei tal liberdade, esse direito conquistado a duras penas. Nos dois extremos me sinto capaz de tomar qualquer rumo, por mais louco que seja, na minha vida. Apenas para descobrir que esta liberdade não existe. Aquele que eu sou me escolheu tanto quanto eu o escolhi ao longo da minha vida.

Nas palavras de Saramago:

Dentro de nós existe algo que não tem nome, esta coisa é o que somos.

Boa noite, molecada.


2 Comments:

  • At 2:17 PM, Anonymous Anônimo said…

    Nota mental: ler o livro do Saramago e lembrar de voltar aqui para ler o resto do post!

    Pô André, sacanagem... mas eu estava mesmo de uma desculpa para comprar esse livro. Heeheehee.

    T+

     
  • At 4:18 PM, Anonymous Anônimo said…

    Oii!!!

    Pois é, né... Eu também não li ainda esse livro... :-D

    Maaaaaaas...

    Ahn, eu iria te prometer que pegarei o livro se o mesmo constar na jurássica biblioteca do lugar onde eu moro, e se não tiver, que comprarei o livro, maaasssss... nem vou prometer, p depois vc n falar q sou má-pagadora de promessas... Afinal, não se esqueça que um dia joguei chiclete na cruz... :-D

    Interessante como a chuva tras certas sensações... Principalmente aos baianos, q ficam totalmente jururus quando São Pedro resolve descongelar a geladeira... Geralmente eu fico escrevendo poesia, de pijama (aiaiaiai, sexta-feira GRAÇAS A DEUS!), e muito, muito calma e melancólica... Tá lembrado da tal nuvem branca? Pois é...

    Menino, fique bem!

    Se cuida e tenha um óóótimo fim de semana!

    Aperta Costela da miga paranaense

     

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