A Vida, o Universo e Tudo o Mais

domingo, dezembro 12, 2004

Sem Notícias de Deus

Imagine uma estória que começa com um questionamento filosófico atribuído a Epicuro (não me responsabilizo pela informação) sobre a capacidade/vontade de Deus em acabar com o mal. Suponha que esta estória traga, ainda, dois "anjos", Lola, do Céu, e Carmen, do Inferno e que ambas tenham como missão ajudar um boxeador a fazer, com seus atos, sua escolha entre Céu e Inferno. Gostou? E se, além disso, Céu e Inferno forem duas grandes corporações com seus CEO (Chief Executive Officer) em grandes apuros, o primeiro por conta da carência de almas "incorporadas" por mérito próprio e o segundo porque uma nova administração não aprova os métodos antiquados do atual presidente e prefere um Inferno onde a culpa não seja tão importante quanto, digamos, a lotação? Ah! Tem mais: tem muito, muito tempo que Deus não aparece na área!

Se você gostou dessa confusão toda aí em cima, corra para alugar Sem Notícias de Deus, produção espanhola de 2001, escrita e dirigida por Agustin Díaz Yanez e estrelada por Penélope Cruz (Carmen), Victoria Abril (Lola), Fanny Ardant (Marina D'Angelo, CEO do Céu) e Gael García Bernal (Jack Davenport, CEO do Inferno). A estória começa com Lola e Carmen discutindo a questão filosófica descrita aí em cima um pouco antes do começo de um assalto. Desse ponto, o filme volta dois meses no tempo, quando uma reunião no Céu descreve o problema da incorporação de almas por mérito e decide-se enviar Lola para recuperar Manny (representado por Demían Bichir), um boxeador decadente, de modo a salvar o Céu. Do outro, lado, sabendo das condições do concorrente, o Inferno manda Carmen para fazer nosso amigo Manny pender para o lado de baixo. A partir daí, Lola e Carmen entram numa briga de gato-e-rato pela alma do infeliz.

Só que as coisas se complicam quando Jack sente-se ameaçado de ser deposto da presidência (digamos assim) do Inferno por conta do Conselho Administrativo querer uma atitude mais firme, inclusive acabando com esse conceito chato de culpa, criando uma verdadeira "Disneylândia do Mal", de acordo com suas palavras. Daí, tudo muda de figura e Carmen e Lola precisam tomar algumas atitudes um tanto radicais, mas não conto mais nada! Se gostou da bagaceira, corra, alugue e divirta-se. O filme é ótimo.