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sexta-feira, novembro 26, 2004

Eu, Robô

A primeira impressão que se tem ao conhecer o elenco e a estória do filme Eu, Robô, é que, com sorte, este vai estar para o livro de Isaac Asimov assim como o Passageiro do Futuro está para o conto de Stephen King. Will Smith e Bridget Moynahan não parecem ser o par ideal para estrelar uma estória baseada em um livro que se propõe a contar a história da evolução dos robôs. Entretanto, como fica claro nos créditos finais, a estória de Eu, Robô é apenas "inspirada" pelo livro, o que se torna o seu grande mérito. A estória começa com o detetive Del Spooner (Will Smith) acordando de um pesadelo (que é mostrado mais adiante, no filme) e indo ao trabalho e , no meio do caminho, tentando prender um robô que ele pensa estar roubando uma bolsa. Neste ponto, descobrimos que o nosso herói está de volta ao trabalho depois de um período de licença e que tem aversão à robôs.

Após esta apresentação, o detetive é chamado para investigar um caso ocorrido na U.S. Robotics (a maior fabricante de robôs do planeta): a morte do principal cientista e sócio da empresa, Dr. Alfred Lanning, interpretado por James Cromwell. No início da investigação, realiza-se o sonho do detetive: o Dr. Lanning pode ter sido assassinado e um robô (Sonny, criado digitalmente e dublado pelo ator Alan Tudik) pode ser o culpado. A partir daí, a estória avança para mostrar o porquê da morte de Lanning e do envolvimento do detetive Spooner, que é ajudado pela Dra. Susan Calvin (Bridget Moynahan). Qualquer coisa dita além disso, estraga as surpresas do filme.

A estória, apesar de apenas inspirada pelo livro (composto por 9 contos), traz grande parte dos conceitos e idéias presentes neste, incorporado a um roteiro de ação com ritmo bom e com reviravoltas suficientes para prender o cinéfilo na cadeira durante o filme e conversar por um tempo depois da sessão. Estão presentes elementos dos diversos contos: o robô escondido entre outros do conto "O pequeno robô perdido", a desobediência às ordens humanas em "Razão", a capacidade de um robô mentir e a necessidade de destruir um robô especial do conto "Mentiroso!". Dessa forma, como já foi dito por outro crítico, o roteiro do filme poderia muito bem ser uma estória do próprio Isaac Asimov.

Os atores estão bem em seus papéis, com destaque para Will Smith (para quem o roteiro foi revisado por Akiva Goldsman) e Bridget Moynahan, cuja interpretação tida insossa provocou críticas negativas. Entretanto, para minha surpresa (só li o livro depois de ver o filme), a atriz retrata perfeitamente a personagem criada por Asimov e descrita, na introdução do livro como " ... uma moça fria, comum, sem atrativos, que se protegia contra um mundo que a desagradava através de uma expressão gélida e um intelecto hipertrofiado".

Com estes elementos em suas mãos, o diretor Alex Proyas consegue construir, ao mesmo tempo, um excelente filme de ação e um grande filme de ficção científica. Muito legal.